Itália: 7 museus para você visitar virtualmente

Nesse período histórico conturbado, em que a humanidade está permeada de sentimentos contrastantes e a visão que temos sobre o futuro da nossa espécie oscila entre o medo e a preocupação pelo presente e a esperança e o otimismo por dias melhores, sentimos mais ainda a necessidade de atingirmos ao patrimônio artístico que nossos antecessores, nessa viagem misteriosa chamada Vida, nos deixaram como herança.

O autor russo Dostoevskij no romance “O idiota” afirma que “a beleza salvará o mundo” e nunca como nesse momento experimentamos a exigência de nos cercar pelo belo, que sirva de inspiração para as nossas existências.

O legado dos grandes artistas do passado se torna para nós uma mina inexaurível à qual podemos atingir para acolher aquilo que essas grandes almas, com sua extraordinária sensibilidade, entenderam e comunicaram sobre a Verdade da nossa existência.

A Itália abriga boa parte do patrimônio artístico mundial, portanto é mais que natural que pensemos ao Belpaese como o grande “reservatório” da beleza. Mas, mesmo que os museus tenham reaberto há poucos dias, ainda é bastante difícil, para boa parte da humanidade, visitá-los. Eis que muitos museus e sítios arqueológicos italianos decidiram oferecer percursos de visitas virtuais, que de um lado possibilitam desfrutar, comodamente sentados nos nossos sofás, de todas as maravilhas que eles abrigam; e do outro lado nos fornecem um importante preparo para o momento em que, finalmente, poderemos apreciar toda essa riqueza ao vivo.  

Selecionamos para vocês uma lista das oportunidades mais interessantes:

1. Os Museus Vaticanos

Itália: Capela Sistina, Museus Vaticanos.
Capela Sistina, Museus Vaticanos. Foto: ©rpbmedia/123RF.COM

A Igreja Católica, assumindo, ao longo de mais de um milênio de história, a figura de mecenas das artes, acabou por se tornar uma das maiores colecionadoras de obras artísticas do mundo. E os Musei Vaticani (Museus Vaticanos) abrigam parte desta história.

Ao todo, são 26 sessões, cada uma delas dividida em várias salas de exposição, que apresentam um panorama histórico que percorre da Antiguidade Oriental do Egito à Arte Contemporânea.

Clique aqui e faça um tour virtual pelos seguintes ambientes: Sala Alessandrina, Salone Sistino, Sala dei Papiri, Museo Profano, Museo Pio Clementino, Museo Chiaramonti, Braccio Nuovo, Cappella Sistina, Stanze di Raffaello, Cappella Niccolina, Sala dei Chiaroscuri.

Além disso, para cada sessão dos Museus é disponibilizado um vídeo que, embora não seja uma visita virtual propriamente dita, possibilita ter um contato visual interessante com as obras expostas. É suficiente clicar aqui e escolher uma sessão que se queira aprofundar. Além do vídeo, se tem acesso às imagens das principais obras expostas em cada sessão, com as explicações das mesmas, disponíveis nos idiomas italiano, alemão, francês, inglês e espanhol.

O mesmo vale para as aéreas arqueológicas da Necropoli della Via Triumphalis  e dos Scavi di S. Giovanni in Laterano: por meio deste link se tem acesso a informações e vídeos; e acessando a página é possível fazer o tour virtual da Necropoli della Via Triumphalis.

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2. Galleria degli Uffizi – Florença

Interior da Galleria degli Uffizi, Florença.
Interior da Galleria degli Uffizi, Florença – Itália. Foto: ©vvoennyy/123RF.COM

A Galleria degli Uffizi em Florença é o museu de arte mais importante da Itália e um dos mais ricos de todo o mundo. Nele é possível apreciar um patrimônio artístico de valor inestimável, como não poderia deixar de ser na cidade que foi o berço do Renascimento italiano. O Museu surpreende seja pela qualidade, seja pela quantidade das obras, que atraem todos os anos dois milhões de visitantes vindos de todo o mundo.

A página disponibiliza visitas virtuais temáticas, com imagens de altíssima definição. Deixando-se guiar por percursos ideais baseados em diferentes temas condutores, o visitante vai à descoberta das inestimáveis obras abrigadas nessa extraordinária pinacoteca. Segue uma seleção de cinco entre as 21 visitas atualmente disponíveis:

Além das visitas virtuais, o site oficial da Galleria degli Uffizi disponibiliza um acervo de mais de 600.000 imagens de mais de 300.000 obras! Basta acessar o link.

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3. Museu Egípcio de Turim

Museu Egípcio de Turim - Itália.
Museu Egípcio de Turim, Itália. Foto: zigres / Bigstock

Fundado em 1824, o Museu Egípcio de Turim é, como sugere sua denominação, dedicado exclusivamente ao estudo e exposição da Antiguidade Egípcia. Com mais de 10 Km² de área útil e cerca de 37 mil peças arqueológicas, o museu possui quatro andares para visitação de seu acervo. É o museu egípcio mais relevante do mundo, depois apenas do Museu do Cairo.

Em ocasião do fechamento forçado devido à propagação do Coronavirus, o museu organizou uma iniciativa muito interessante, chamada de “Le Passeggiate del Direttore”, ou seja, “Os passeios do diretor”: visitas virtuais guiadas pelo diretor do museu, o Professor Christian Greco. Acontecem às quintas e aos sábados, às 11h00. Para participar ao vivo ou assistir as gravações das visitas que já aconteceram, é só acessar o canal de Youtube do Museu Egípcio.

Além disso, o museu disponibiliza outros interessantes recursos.

Um deles refere-se à exposição temporária (é praxe de muitos museus organizar mostras temáticas por um período limitado, que varia de algumas semanas a cerca de um ano) “Arqueologia Invisível”. O objetivo da exposição é ilustrar princípios, ferramentas, exemplos e resultados do trabalho meticuloso de recomposição de informações, dados e noções possível graças à aplicação das técnicas científicas ao estudo dos achados arqueológicos.

Uma equipe de alunos do curso de graduação em Engenharia do Cinema e Mídia do Politécnico de Turim, em colaboração com o estúdio criativo Robin Studio, desenvolveu uma ferramenta imersiva que, usando câmeras de 360°, criou uma reprodução em 3D da exposição. Graças ao tour virtual, é possível explorar as salas da mostra e as vitrines que abrigam os objetos, “navegando” meticulosamente em todos os elementos.

Acesse o seguinte link e mergulhe nessa extraordinária aventura.

Os temas da exposição podem também ser explorados na playlist “Arqueologia Invisível” no YouTube.

Outra inciativa interessante do Museu Egípcio é chamada de “Instantâneas da coleção”: os curadores do acervo fornecem explicações sobre alguns dos objetos mais curiosos e especiais da coleção. Toda segunda-feira é publicado um novo episódio; acesse a seguinte página Youtube para ver todos.

Extraordinariamente relevante é o banco de dados da coleção! Na sua versão atual, o acervo online dá acesso a quase todos os objetos expostos (cerca de 3.300 peças) nas salas do Museu Egípcio. Para ir à descoberta desse riquíssimo e fascinante patrimônio, é só acessar esse link.

Enfim, om outro belíssimo recurso que o museu disponibiliza é a possibilidade de ver e estudar o conteúdo dos papiros que fazem parte de seu acervo, por meio de imagens de alta resolução. O Museu Egípcio abriga um grande número de manuscritos que, devido ao seu estado de preservação e ao alto grau de interesse de seu conteúdo, representam uma das coleções mais importantes no ramo da egiptologia. Para ter acesso a esse extraordinário acervo, é suficiente clicar nesse link.

4. Galleria Borghese – Roma

Galleria Borghese, Roma. Foto: irisphoto3 / Bigstock

A Galeria Borghese está localizada dentro do belíssimo parque da Villa Borghese em Roma. Abriga obras de artistas que marcaram a história da expressão pictórica e escultórica, entre eles Bronzino, Canova, Raffaello, Rubens, Tiziano. O seu precioso acervo é composto por esculturas, baixos-relevos e mosaicos antigos, além de pinturas e esculturas dos séculos XV ao XVIII. É uma galeria única no mundo no que se refere ao número e à importância das obras de Bernini e Caravaggio.

Essa extraordinária coleção foi iniciada no começo do século XVII pelo cardeal Scipione Borghese, grande apaixonado de escultura clássica. Essa sua enorme paixão o levou a favorecer a criação de novas esculturas inspiradas nos modelos antigos, de maneira que hoje nós podemos admirar autênticas obras-primas como a estátua de Pauline Bonaparte Borghese realizada por Antonio Canova, ou o Apolo e Dafne de Bernini, entre outras.

O site oficial da Galleria Borghese não disponibiliza visitas virtuais, mas apenas o acervo digitalizado de todas as obras que ele abriga, com breves explicações nos idiomas italiano e inglês (link).

Nas páginas de Facebook e Instagram, contudo, são publicados vídeo e fotos com aprofundamentos temáticos sobre diferentes obras.

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5. Sítio arqueológico de Pompeia

Ruínas de Pompeia – Sul da Itália. Foto: Scaliger/ Bigstockphoto

O sítio de Pompeia, no Sul da Itália, representa um verdadeiro milagre arqueológico: um desastre de enormes proporções – a erupção do vulcão Vesúvio no ano 79 d.C. – nos deixou como herança uma inteira cidade do mundo antigo quase inteiramente preservada.

Graças à Pompéia podemos conhecer muito da arte romana, visto que as casas mais luxuosas da elite romana eram decoradas por muitas pinturas e estátuas, que hoje se encontram no Museu Nacional de Nápoles. E graças aos grafites sobre os muros das casas, podemos aprimorar nossos conhecimentos sobre a língua, o cotidiano, os hobbies e até mesmo sobre as eleições na Roma Antiga. É realmente difícil estimar quanto a redescoberta de Pompeia tenha contribuído no avanço dos estudos sobre a Antiguidade.

Esse imenso patrimônio se torna acessível para nós graças à iniciativa #iorestoacasa (“Eu fico em casa”), à qual a direção do sítio arqueológico decidiu aderir, disponibilizando em seu site uma série de vídeos que levam o visitante à descoberta dos tesouros escondidos de Pompeia (link).

6. Galleria dell’Accademia – Florença

Galleria dell’Accademia, Florença.
Galleria dell’Accademia, Florença. Foto: irisphoto3 / Bigstock

A história da Galleria dell’Accademia, em Florença, começa em 1784, quando o Grão-Duque da Toscana Pietro Leopoldo reorganizou a Academia das Artes e do Desenho, fundada em 1563 por Cosimo I de’ Medici, dando vida à moderna Academia de Belas Artes. A coleção original foi estendida ao longo dos anos graças às obras de arte provenientes da supressão de algumas ordens religiosas e o consequente fechamento de igrejas e mosteiros.

O evento decisivo para a história do museu, porém, foi o abrigo nele, em 1873, da célebre estátua do David de Michelangelo, que até então encontrava-se na Piazza della Signoria. A escultura mais famosa do mundo – símbolo de energia, vigor e coragem, síntese de toda a luta da humanidade pela sobrevivência – esperou nove anos, escondida em uma caixa de madeira, pela conclusão da construção do pedestal que iria recebê-la, projetado pelo arquiteto Emilio De Fabris.

Hoje em dia, a Galeria da Academia abriga, além do David, outras obras de relevante importância. Entre elas, destacam-se as estátuas chamadas de “Prigioni” (“Prisioneiros”) comissionadas a Michelangelo pelo papa Júlio II para a decoração de seu túmulo. O acervo inclui também uma importante coleção de pinturas da Idade Média, da Renascença e início do século XVII. Há também uma sala dedicada aos instrumentos musicais antigos que pertenciam às famílias dos Medici e Lorena.

A Galleria dell’Accademia também aderiu à inciativa #iorestoacasa propondo, na sua página Instagram, um percurso à descoberta de seu acervo chamado de “Gioca con Davidino” (“Jogue com o pequeno David”). Para participar, é suficiente acessar a página. Os conteúdos disponíveis – até o momento, são 18 posts – são realmente muito interessantes.

Além disso, o site oficial da Galeria disponibiliza o seu acervo em formato digital. Basta acessar a página e escolher uma das seguintes sessões: Pintura dos séculos XIII-XIV; Pintura do século XV; Pintura do século XVI; Escultura; Música. Cada imagem é acompanhada por uma breve explicação nos idiomas italiano ou inglês.

Existe também a possibilidade de atingir ao arquivo digital das diversas mostras temporárias que tem acontecido na Galeria, com vários conteúdos temáticos, de 2016 até 2018.

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7. Basílica de São Francisco – Assis

Basílica de São Francisco de Assis
Basílica de São Francisco de Assis. Foto: Inna Nerlich / 123RF

Erguida por vontade do Papa Gregório IX, a Basílica de São Francisco, em Assis, desde 1230 acolhe os restos mortais do Santo. Desde a sua construção, na complexa história que marcou a evolução da Ordem Franciscana, a Basílica (e o Sacro Convento adjacente) sempre foi um ponto de referência crucial para alimentar a espiritualidade franciscana.

O grande edifício é dividido em duas basílicas: a Basílica baixa, mais antiga, do século XIII, é em estilo românico e é enriquecida pelos afrescos de Giotto retratando os votos de Pobreza, Castidade e Obediência. Embelezam a igreja também os afrescos de Maestro delle Vele, Cimabue e Lorenzetti. A cripta, contudo, é o verdadeiro coração da basílica, pois nela encontram-se os restos mortais de São Francisco e de seus primeiros seguidores.

A Basílica Alta, um pouco mais recente, mas também do século XIII, é construída no estilo gótico francês. A igreja possui belíssimos vitrais e afrescos de Cimabue no presbitério, mas a obra mais marcante é, sem sobra de dúvida, o ciclo de 28 afrescos, de autoria de Giotto e de seus estudantes, que retratam a vida de São Francisco.

A comunidade franciscana decidiu presentear os amantes da arte e de Francisco com uma belíssima visita virtual, da qual é possível usufruir acessando o seguinte link.

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Foto de capa: Museus Vaticanos via Catt.ch

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