O Castel del Monte, localizado a 60 km de Bari, foi inserido na lista de Patrimônios da Humanidade pela UNESCO.
Segundo o Comitê da Unesco, o Castel del Monte possui um valor universal excepcional pela perfeição de suas formas, pela harmonia e pela fusão de elementos culturais do norte da Europa, do mundo muçulmano e da antiguidade clássica. É uma obra-prima única da arquitetura medieval, refletindo o humanismo de seu fundador: Frederico II da Suábia.
Conheça a história do castelo, construído no século XIII, que domina – com a sua estrutura octogonal maciça -, o pequeno trecho da Murgia ocidental, situado a 18 km de Andria (região da Puglia no sul da Itália).
Castel del Monte, uma obra-prima da arquitetura militar medieval
O Castel del Monte é universalmente considerado um exemplo brilhante da arquitetura medieval, apesar de não contar com alguns elementos típicos, como o fosso. Na verdade combina diferentes elementos estilísticos: do corte românico dos leões presentes na entrada à moldura gótica das torres; da arte clássica dos frisos internos à estrutura defensiva da arquitetura até a delicadeza e elegância islâmicas dos seus mosaicos.
A genialidade de Federico II
Construído por volta de 1240, Castel del Monte se tornou a sede permanente da corte de Frederico II di Svevia de Hohenstaufen, soberano do Reino da Sicília. O monarca, apelidado de Estupor Mundi (maravilha do mundo) pelo ecletismo e pela vastidão da sua cultura, deixou em hereditariedade ao seu Castelo todo o mistério que circundava a sua figura.
O rigor matemático e astronômico da sua planimetria, baseada no oito como um número guia, e o seu posicionamento, projetado de modo a criar simetrias particulares de luz nos dias de solstício (do latim sol + sistere, que não se mexe) e equinócio, criaram um simbolismo que fascina os estudiosos há séculos, deixando aos visitantes uma sensação de enigma prazerosa. Além disso, a esta construção militar, curiosamente faltam ao Castel de Monte os elementos que caracterizam a maioria dos monumentos militares do período, como as paredes, o fosso e os estábulos.
Oito são os lados do Castelo na planta, oito salas do piso térreo e do primeiro andar em planta trapezoidal disposta de modo a formar um octógono, e oito são as torres imponentes, obviamente octogonais, dispostas em cada um dos oito cantos. Acredita-se que no pátio interno estava presente uma piscina também octogonal.
A sólida compacidade do calcário misturado com o quartzo das fachadas é riscada por cada lado das janelas monofore (janela com apenas uma abertura) no primeiro andar, bifore (janela arqueada dividida em duas partes por uma coluna ou um pilar) no segundo, e em um caso trifora (janela cujo compartimento é dividido em três luzes por colunas; é típico do estilo gótico).
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A entrada principal, feita em breccia corallina (pedra ornamental caracterizada por um fundo avermelhado contendo manchas [clastos] brancas, amarelas ou rosas), reproduz a forma de um arco triunfal clássico que enquadra um arco ogival, definido como “uma espécie de prelúdio para o Renascimento”.
O interior, com as suas alte volte a crociera (um tipo de cobertura arquitetônica formada pela união longitudinal de duas volte a botte [é um dos sistemas mais simples de cobertura não plana, usada para cobrir áreas de forma geralmente retangular]), agora parece despir-se de todas aquelas decorações que no passado o deixaram majestoso, evidenciadas pelos restos de mármore e mosaicos praticamente desaparecidos após séculos de abandono e vandalismo.
Os dois andares são ligados no interior das torres por escadas em espiral dispostas em sentido anti-horário, ao contrário das outras construções defensivas da época. Particularmente interessante é a instalação hidráulica dos sanitários, de origem oriental.
Foto de capa: Andria Wor/ Bigstock