A gôndola veneziana é considerada a embarcação mais bela do mundo e é o símbolo universal da cidade de Veneza, preenchendo seus canais com grupos de turistas de todo o mundo. De fato, um passeio de gôndola proporciona ao viajante uma emoção única que será lembrada por toda a vida.
Sua beleza é dada pela linha sinuosa e elegante que apresenta, pelo maravilhoso cenário no qual navega, mas também pela forma única como é construída.
O nome dessa famosíssima embarcação veneziana, gôndola, deriva do latin “cuncula” ou concha, tem 11 metros de comprimento e pesa 600 kg, mas é facilmente manobrada pelo gondoleiro com um único remo.
Além de seu charme e reputação, vindos do fascínio que Veneza proporciona ao mundo, a gôndola é usada para chegar às diversas partes da cidade aquática, e tipicamente projetada com suas características particulares que a tornam uma embarcação única no mundo.
Um pouco da história da gôndola veneziana
A gôndola sofreu muitas alterações no decorrer dos séculos e a versão moderna é fruto de um longo processo de evolução e adaptação às diversas exigências dos navegantes e às mudanças características das águas.
A história da gôndola é entrelaçada com a história de Veneza. As primeiras notícias que se tem conhecimento sobre a gôndola datam de 1094, quando o Doge (líder máximo) Vitale Falier, que tem sua efígie perto do altar principal da Basílica de São Marcos, distribuiu ao povo de uma ilha ao sul de Veneza uma “gondulam”. A intenção declarada era a de facilitar o transporte na cidade, mas também para evitar uma revolta popular como a que acontecera quando ele chegou ao poder em 1084. As gôndolas logo foram adotadas, mas não pelos camponeses, e sim pelos ricos de Veneza.
Ao longo dos anos Veneza se tornou uma próspera cidade comercial, tornando-se um ponto de entrada, na Europa, de especiarias e mercadorias valiosas. Muitos artistas, incluindo Canaletto, Carpaccio e Bellini foram morar em Veneza, e a gôndola veneziana se transformou em um meio de transporte de grande prestígio.
As gôndolas dos nobres também eram guiadas por gondoleiros especificamente treinados. As cores das gôndolas eram diferentes, de modo que o proprietário pudesse reconhecê-la de longe. Possuir a mais bela gôndola foi uma ostentação.
Para proteger os viajantes dos ventos frios e umidade da lagoa, muitas vezes, era fixada uma cúpula de proteção chamada felze. Esse elemento também era muito útil para o abrigo de olhares curiosos, sendo uma espécie de sala de estar privada, onde aconteciam, eventualmente, conversas confidenciais entre nobres, e encontros galantes. Tornou-se famoso graças a Gian Giacomo Casanova, o famoso mulherengo.
As pessoas comuns também tinham que usar a gôndola para suas viagens e a função do gondoleiro tornou-se uma das atividades mais populares das cidades lagoeiras.
Em 1633 o governo de Veneza promulgou uma lei suntuária, determinando que todas as gôndolas usadas para o transporte público de passageiros deveriam ser pretas e carregar apenas um elemento decorativo. Todas menos as pertencentes ao governo, que se destacavam em meio aos barcos privados.
Ainda hoje, o preço do passeio em uma gôndola, e o número de pessoas a serem transportadas são estabelecidos pelo prefeito de Veneza.
A gôndola veneziana atingiu o seu ápice no século XVI, quando, na cidade, havia cerca de 10.000 exemplares. Atualmente existem aproximadamente 500 gôndolas que navegam pelas águas de Veneza.
A evolução das gôndolas de Veneza
Ao longo dos anos, a gôndola foi submetida a várias alterações. Em 1884, o construtor de gôndolas Domenico Tramontin, depois de muita tentativa e erro, conseguiu construir uma gôndola completamente inovadora que podia ser guiada por um único gondoleiro e não mais por dois remadores, conforme a tradição.
O genial construtor tentou criar uma embarcação mais ágil, adaptada aos canais estreitos da cidade e que poderia ser conduzida por apenas um gondoleiro, reduzindo assim os custos operacionais. Mas por causa do remo colocado na parte direita do barco, a gôndola se inclinava sempre para o lado esquerdo. Tramontin teve a brilhante ideia de encurvar todo o casco da gôndola (canoa simétrica) e encurtar o lado direito em 24 centímetros para equilibrar a força do remo. Ao mesmo tempo tornou-se possível utilizar o remo como um leme. Este tipo de leme é atualmente conhecido como “Voga Veneta” e faz com que a gôndola seja verdadeiramente uma embarcação única.
Atualmente a gôndola é composta por oito tipos diferentes de madeira, mas também há elementos de metal. Sua construção, que é regulamentada por lei, é feita exclusivamente por fabricantes tradicionais. Um gôndola pode custar mais de € 20.000,00, preço justificado por toda a complexidade que envolve a sua construção.
A estrutura da gôndola é assimétrica, com o lado esquerdo maior que o direito, então se pode dizer que se navega sempre inclinado para um lado. A assimetria claramente desloca o centro de gravidade da embarcação para o lado direito, resultando em uma postura inclinada para a direita, com uma maior imersão deste lado. O fundo é achatado, o que permite a navegação em poucos centímetros de profundidade.
Além desta tradicional forma de transporte, a navegação foi modernizada e acelerada, e, embora os turistas ainda sejam fascinados pela gôndola e por sua plácida navegação instável pelos canais de Veneza, os venezianos usam em seu cotidiano “o barquinho”, por motivos de praticidade, velocidade e sobretudo pelo conforto.
Custo do passeio de gôndola
A gôndola é um barco para ocasiões especiais. Atualmente são majoritariamente utilizadas por turistas, e também em eventos importantes, como casamentos e funerais, sobretudo porque sua utilização tem um custo alto.
Um passeio diurno, compartilhado (até 6 pessoas) de 30 minutos custa aproximadamente € 35,00 por pessoa. O passeio privativo, de 30 minutos, custa em torno de € 120,00.
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Foto de capa: Daniela Staerk / 123RF