Uma cidadezinha que parou no tempo e cujas ruas, praças e torres parecem nos transportar diretamente para a Idade Média. Conheça um pouco mais sobre San Gimignano, pérola medieval da Toscana, merecidamente reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.
Um pouco de história de San Gimignano
Embora a primeira menção à cidade remonte a 929 d.C., San Gimignano alcançou seu período de ouro só no século XIII: principalmente o comércio de açafrão, extremamente valioso na Idade Média, enriqueceu a cidade. Foi nessa época que as famílias mais ricas, em competição para ostentar a própria fortuna, rivalizavam entre si para mostrar quem possuía a torre mais alta da cidade.
A cidade contava naquela época 72 enormes torres, algumas das quais chegavam até mesmo a 50 metros de altura! Hoje, infelizmente, restam em pé somente treze delas; mesmo assim, são elas o símbolo mais caraterístico de San Gimignano: quem chega à cidade é acolhido pelas suas imponentes torres, que se erguem ao longe, recortando o horizonte por sobre as pitorescas colinas da Toscana. Uma vista de tirar o fôlego!
Mas não muitos anos depois, no século XIV, toda essa opulência entrou em decadência. Sobretudo a peste negra, que dizimou a população da cidade, foi fatal para a economia de San Gimignano e levou-a a uma crise irreversível.
Felizmente – para nós – o declínio pôs a cidade em segundo plano no contexto da Toscana, que passou a ser dominada por Siena e sobretudo Florença, o que salvaguardou San Gimignano dos tumultos da História. É como se a cidade tivesse ficado “congelada” no tempo, chegando assim até nós praticamente idêntica à que tinha sido na Idade Média – uma oportunidade única para quem quer se imergir na atmosfera fascinante do passado.
As torres de San Gimignano
Como dissemos, San Gimignano é conhecida principalmente por suas enormes torres, que dominam o céu da cidade – motivo pelo qual alguns a apelidaram “Manhatan da Idade Média”. As famílias mais ricas moravam dentro das torres e faziam delas um símbolo manifesto da própria potência e prestígio. Mas, para além disso, as torres imponentes também tinham uma importante função de defesa, pois eram difíceis de ser capturadas. Geralmente, o andar térreo abrigava a loja da família, enquanto a casa propriamente dita começava do primeiro andar para cima. Curiosamente, a cozinha costumava ser construída nos últimos andares: arranjo nada confortável, se pensarmos que as torres chegavam a ter 50 metros de altura e os elevadores ainda estavam bem longe de serem inventados!
A torre mais alta da cidade é a Torre Grossa, com seus 54 metros de altura. Iniciada em 1300, foi construída ao lado do Palazzo del Podestà, sede do governo da cidade. Uma curiosa lei municipal dizia que nenhuma outra torre podia superá-la em altura: dessa maneira o governo ostentava a própria superioridade em relação às famílias mais nobres da cidade. Aberta à visitação, do topo da Torre Grossa é possível desfrutar uma vista panorâmica maravilhosa de toda San Gimignano e também dos seus pitorescos arredores: o belíssimo cenário toscano é, claro, digno de um cartão-postal.
A Catedral e a história de Santa Fina
Vista de fora, a Catedral de San Gimignano aparenta ser modesta e não deixa imaginar o fascínio do seu interior. Com todas as paredes internas e o teto coberto de afrescos, a Catedral abriga obras de alguns dos melhores pintores toscanos da Idade Média, extremamente bem conservadas e com uma nitidez de cores que deixam impressionados. Os afrescos do lado esquerdo contam histórias do Velho Testamento, enquanto os do lado direito narram episódios do Novo; ao centro, um estupendo Juízo Universal.
Mas a obra prima da Catedral é a capela afrescada pelo célebre pintor Domenico Ghirlandaio e dedicada à Santa Fina, padroeira da cidade.
Os afrescos contam a comovente história da jovem Josefina, apelidada carinhosamente Fina pelos habitantes de San Gimignano. Acometida aos dez anos por uma paralisia que a imobilizou para sempre na própria cama, Fina foi um exemplo de paciência nas dificuldades, gentileza e devoção. Mesmo após a perda do pai e da mãe, oferecia sempre somente palavras de bondade e de esperança a quem a visitava. Conta-se que no dia de sua morte – que a levou quando tinha apenas quinze anos – os sinos das torres de San Gimignano puseram-se a tocar sozinhos e flores de viola começaram a nascer nos muros e nas torres da cidade.
A jovem tornou-se assim padroeira de San Gimignano e até hoje é possível ver brotar por entre os muros e as torres da cidade a sua flor, chamada “viola de Santa Fina”, que nasce somente em San Gimignano. Curiosamente, as violas de santa Fina florescem todos os anos, faça chuva ou faça sol, exatamente no dia 12 de março, data de falecimento da Santa.
Gastronomia de San Gimignano
No que concerne a culinária, além do açafrão, que traz riqueza à cidade desde a Idade Média, San Gimignano é famosa pelo seu vinho tradicional, branco e seco, o Vernaccia, produzido há séculos na cidade e citado até mesmo na Divina Commedia de Dante Alighieri. Quanto à comida, além de saborear os salames, presuntos e queijos caraterísticos da tradição toscana, você não pode perder o macarrão típico de San Gimignano, os pici con cacio e pepe, temperados com o famoso açafrão da cidade.
Piazza della Cisterna
Para concluir, não deixe de ir até a Piazza della Cisterna, a praça mais bonita de San Gimignano, com seu pitoresco poço medieval colocado ao centro. Localizada no topo da colina na qual foi construída a cidade, daqui você poderá não só desfrutar de um panorama deslumbrante de toda a região, como também saborear o sorvete cremoso da gelateria Dondoli, premiado inúmeras vezes como o melhor da Itália e considerado um dos melhores do mundo. Além dos sabores de sorvete tradicionais, não deixe também de experimentar alguns mais peculiares, como o gelato criado em homenagem à Santa Fina, feito à base de açafrão, ou então o sorbetto Vernaccia, confeccionado com o vinho típico da cidade.
Rodeado pela paisagem única da Toscana e imerso na atmosfera medieval da cidade, San Gimignano te proporcionará com suas cores e sabores uma experiência autêntica da beleza e dos prazeres do bel paese. Não perca!
Foto de capa: cge2010 / Bigstock