Assis, conhecida em todo o mundo como cidade da Paz e terra natal de São Francisco, é também um dos burgos medievais mais bonitos de toda a Itália. Com uma vista panorâmica deslumbrante da região Úmbria, Assis é uma cidade que une sua beleza única à importância histórica do burgo para a religião cristã e não só. Acompanhemos um pouco a história da vida de Francisco de Assis para conhecer melhor a bela cidade onde nasceu, viveu e pregou a sua mensagem de bondade e de paz.
A juventude de Francisco
Francisco nasceu em uma abastada família de comerciantes de tecido, enriquecidos principalmente graças ao comércio com a França: é por esse motivo que o pai resolveu dar-lhe o nome de Francesco, algo como “francezinho” em italiano. Francisco foi batizado na catedral de Assis, a Igreja de San Rufino, santo padroeiro da cidade. A Igreja é ainda hoje importante local de culto e peregrinação para os devotos; sua bela fachada, bem visível mesmo de longe, é um dos cartões-postais da cidade.
Aos vinte anos, na guerra entre Perugia e Assis, Francisco caiu prisioneiro em mãos inimigas. A experiência do cárcere desencadeou no jovem uma crise espiritual que em breve o levaria à total conversão à mensagem de pobreza do Evangelho. Francesco iniciou a fazer caridade às escondidas com o dinheiro da família; seu pai, quando o veio a saber, decidiu denunciar o filho às autoridades diante da população, na esperança de envergonhá-lo e, assim, dissuadi-lo do novo comportamento – mas não foi o que ocorreu.
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A conversão
Acusado pelo pai, diante de toda a população, de dilapidar indevidamente o patrimônio quando “lhe devia até mesmo as próprias vestes”, Francisco, num gesto famoso, decidiu abrir mão de todos os seus bens, despindo-se até mesmo da própria roupa, que entregou ao pai atônito. O célebre episódio ocorreu no Palácio Episcopal da cidade (Palazzo Vescovile) e foi imortalizado por Giotto no famoso afresco da Basílica de Assis: ambos os lugares podem ser visitados pelo público ainda hoje.
O período seguinte foi de retiro e intensa reflexão por parte de Francisco, que pregava nos campos entre Assis e Gubbio e meditava nas belas montanhas da redondeza, em meio à natureza e aos animais. Foi nesse período que Francisco reformou a pequena igreja da Porciúncula, que se tornou para ele um lugar especial de oração e acolhida dos pobres e necessitados. A Porciúncula veio a ser assim a verdadeira casa de Francisco e centro daquilo que sucessivamente se tornaria a ordem dos Franciscanos. A igrejinha, pequena e simples, pode ser visitada ainda hoje, e se encontra dentro da Basílica de Santa Maria degli Angeli, que foi construída alguns séculos mais tarde e que a englobou no seu interior.
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Os últimos anos e as estigmas
Nos anos seguintes o número de seguidores do santo crescia, mas nem todos estavam tão dispostos ao mesmo rigor e autossacrifício. Assim, os últimos anos foram para Francisco de isolamento e de recolhimento solitário nos montes para a oração e a reflexão. Num desses retiros ocorreu o célebre episódio da visão do serafim na cruz, após o qual Francisco teria recebido no seu corpo as estigmas de Jesus. Dois anos depois, o santo viria a morrer na igrejinha da Porciúncula, que ele tanto amava e que havia reconstruído com suas próprias mãos.
A história da vida de Francisco, que como vimos se confunde com a história e com os lugares da sua cidade natal, foi contada por muitos biógrafos e em diversos livros. No entanto, aquela que é talvez a sua biografia mais bela não foi contada em palavras, mas sim pintada em afrescos por Giotto: na magnífica Basílica de Assis, o pintor contou toda a vida do santo ao longo das paredes, retratando os episódios e milagres principais. Não deixe de visitá-la e de repercorrer através das imagens do pintor o caminho espiritual de Francisco.
Além do seu valor religioso e espiritual inestimável, Assis é também, como dissemos no início, um dos burgos medievais mais belos da Itália. Localizada ao pé do Monte Subásio e rodeada pela natureza, a cidade oferece não só uma vista deslumbrante sobre os belos campos de cultivo da Úmbria, mas sua própria arquitetura, composta quase inteiramente de casas medievais em pedra cor-de-rosa, é um espetáculo por si só. Principalmente nas tardes ensolaradas ou ao pôr-do-sol, o jogo da luz sobre as pedras rosas de Assis cria um espetáculo de cores sem igual. Assim, quando for visitá-la, deixe-se perder pelos seus becos, ladeiras e ruelas, que parecem guiar aqueles que passam em uma viagem de volta ao encanto mágico do passado.
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Foto de capa: Inna Nerlich / 123RF