Monte Amiata: conheça uma das regiões mais bonitas e misteriosas da Toscana

Localizado no sul da Toscana, entre as belas províncias de Siena e Grosseto, o Monte Amiata é um dos lugares mais bonitos e deslumbrantes da região. Com vistas de tirar o fôlego, natureza exuberante e gastronomia incomparável, o Monte fica localizado em uma área pouco populosa, mas cercada por vilas charmosas e pitorescas.

Formado por 8 municípios, dos quais 3 estão na província de Siena e 5 na de Grosseto, esta parte da Toscana é pouco explorada pelo turismo de massa, mas oferece uma das melhores experiências enogastronômicas da região, além de ser um local repleto de história, lendas e magia.

Entre suas vilas charmosas estão Arcidosso, Castell’Azzara, Castel del Piano, Santa Fiora, Seggiano, Abbadia San Salvatore, Castiglione d’Orcia e Piancastagnaio. Neste artigo você irá descobrir uma das regiões mais lindas da Itália, conhecer um pouco da história, das lendas e da gastronomia desse lugar único no mundo. Confira!

Uma breve história do Monte Amiata

O Monte Amiata remonta ao Paleozóico-Quaternário e sua atividade vulcânica situa-se entre 400.000 e 180.000 anos atrás.

Só entre os anos 5.000 e 3.000 a.C. que a região começou a ser habitada. Um dos principais vestígios dos primeiros habitantes de Amiata é uma pintura localizada na Grotta dell’Arciere, perto de Abbadia San Salvatore, que representa um caçador armado com arco.

A partir do século VI a.C. foi a vez dos Etruscos habitarem a região onde fundaram alguns assentamentos na área de Vivo D’Orcia, Montelaterone e Seggiano. Para esse povo, o Monte Amiata era um lugar sagrado.

Alguns séculos depois, foi a vez dos romanos habitarem o monte, atraídos principalmente pelas águas termais de Bagni San Filippo. Já na era moderna, o Monte Amiata começou a se transformar, principalmente com a fundação da abadia beneditina de San Salvatore no lado leste da montanha.

A Abadia teve um período de grande esplendor até o final do século XI, estendendo seu domínio territorial desde a Maremma até o Val di Chiana.

Inclusive, foram os monges da abadia que colonizaram os demais territórios do entorno do Amiata, iniciando assim, a fase de instalação. No final do século XI, os Aldobrandeschi, uma poderosa família nobre, tomou conta da região, substituindo a dominação dos monges. Como consequência, várias aldeias foram construídas nessa época.

Essa família dominou a região até meados de 1300, quando Siena começou a consolidar seu domínio no território que durou até a guerra com I Medici (1555-1559).

Já na segunda metade do século XIX, iniciou-se uma lenta revolução industrial graças à abertura de minas de mercúrio que trouxeram uma certa riqueza à região. Após a crise dos anos 1970, as minas foram fechadas e agora são uma das principais atrações turísticas do local.

Hoje, o Monte Amiata tem no turismo e na produção de vinhos e azeites a sua maior fonte de riqueza. Isso graças as suas encantadoras aldeias medievais empoleiradas nas encostas da serra, que ainda hoje fascinam com suas lendas sobre cavaleiros templários e acontecimentos milagrosos.

No vale que desce em direção ao Maremma encontramos Roccalbegna, Cinigiano e Semproniano que é a área de grandes produtos típicos locais, enquanto na encosta que desce em direção ao Val D’Orcia encontramos Campiglia D’Orcia e Radicofani.

O que fazer em Monte Amiata: as cidades e vilas imperdíveis da região

Monte Amiata -Toscana. Foto: Canva

Arcidosso, uma cidade mística

Arcidosso é a capital da União dos Municípios de Amiata Grossetano e tem uma população de cerca de 4500 habitantes. Seu centro histórico está localizado no topo de uma colina, e entre suas principais atrações se destacam a igreja de San Niccolò, a mais antiga da localidade, o belo convento dos capuchinhos e o interessante Gompa di Merigar West, um edifício sagrado tibetano, localizado no Monte Labbro.

Além disso, não podemos deixar de destacar o castelo Aldobrandesco, um dos mais  antigos e bem preservados da Europa, construído no século XII pela família dos Aldobrandeschi, que governavam a região.

Mas, além de bela e encantadora, Arcidosso é uma vila repleta de mistérios e com uma energia sem igual. Isso se dá graças a sua atmosfera onde existe uma mistura única de esoterismo, cristianismo e até mesmo, do budismo.

O primeiro você verá graças às dezenas de símbolos espalhados pela cidade que, estudos recentes alegam se tratar de emblemas esotéricos que indicam a presença dos cavaleiros templários na região.

Já no museu Tibetano você encontrará uma riquíssima coleção de artigos, roupas e obras de arte oriundos da região tibetana e do Himalaia.

Monte Amiata Arcidosso
Arcidosso -Toscana. Foto: Clódio de Getty Images / Canva

Castell’azzara

O Castell’Azzara, com seus 815 metros de altitude, é a sede municipal mais alta da província de Grosseto. Próximo a ele encontra-se a igreja de San Nicola di Bari, onde podemos apreciar uma bela pintura da Assunção com os santos Martino e Niccolò, datada de 1600.

Na via Dante Alighieri, você poderá parar e observar a Câmara Municipal, construída no século XIX em estilo renascentista. Também vale a pena visitar a Rocca aldobrandesca, ou fortaleza de Castell’Azzara, uma fortificação do século XIII construída no ponto mais alto da cidade.

Castel del Piano

Castel del Piano é o maior e mais populoso município do lado Grosseto do Amiata. A cidade, cercada por muralhas que remontam ao século XIII, tem quase 5.000 habitantes.

Entre suas principais atrações estão o centro, onde podemos visitar a igreja da Propositura, localizada do lado de fora da porta do relógio, e a bela igreja de Santa Maria delle Grazie, na Piazza Madonna.

Santa Fiora, a pérola de Amiata cercada por mistérios

O município de Santa Fiora, na província de Grosseto, é uma das aldeias mais bonitas da Itália, recebendo o prêmio Orange Flag pelo Italian Touring Club, graças à sua experiência turística e ambiental e qualidades histórico-culturais.

No centro histórico, cujo coração é a Piazza Garibaldi, você encontra o Palazzo Pretorio e o Palazzo Sforza Cesarini, e, é claro, a Igreja della Pieve. A igreja, datada de 1142, guarda um mistério que, até hoje, intriga turistas e historiadores: a Última Ceia de Andrea della Robbia.

Dizem que essa obra feita em cerâmica serviu de inspiração para a famosa pintura de Leonardo da Vinci, também intitulada “L’ultima Cena” e está localizada em Milão.

Última Ceia de Andrea della Robbia.
Última Ceia de Andrea della Robbia – Púlpito de Santa Fiora. Foto: Sailko / Wikimedia Commons.

Outro lugar imperdível em Santa Fiora é o Parco della Peschiera, onde fica localizada a igreja Madonna delle Nevi, outro local de mistério também relacionado a Leonardo da Vinci. Dessa vez o intrigante enigma é graças a uma pintura encontrada nas paredes da igreja.

Nela, existe um afresco que retrata o rosto de  São Jerônimo. Porém, a semelhança do santo com o autorretrato de Da Vinci é espantosa. Fato que, claro, levanta muitas dúvidas e as mais variadas teorias.

Santa Fiora - Monte Amiata.
Santa Fiora – Monte Amiata. Foto: Marco Sanasi de Getty Images / Canva

Seggiano

Entre os municípios de Amiata também está Seggiano na província de Grosseto. É o menor dos 8 municípios, e conta com menos de 1000 habitantes. Localizado no topo de uma colina não muito longe do rio Orcia, lá você poderá visitar a igreja de San Bartolomeo, o antigo convento do Colombaio e o belo santuário da Madonna della Carità, restaurado várias vezes desde a sua construção até os dias atuais.

Assim, como  Castel del Piano, Seggiano é uma pitoresca cidade medieval cercada por muros cujo acesso se dá através de três portas, chamadas de Porta di San Gervasio, Porta degli Azzolini e Porta del Mercato.

Seggiano- Toscana.
Seggiano – Toscana. Foto: Ermess de Getty Images / Canva

Abadia San Salvatore, o coração do Monte Amiata

Abbadia San Salvatore está localizada na província de Siena e é um dos maiores e mais populosos municípios de Amiata. Leva o nome da abadia de San Salvatore, que fica na Via del Monastero. Por mais de mil anos, a abadia abrigou a famosa Bíblia Amiatina, a mais antiga cópia manuscrita da Bíblia em latim, agora transferida para a Biblioteca Laurentina em Florença.

Instalado na ala leste da abadia fica o museu de arte sacra Don Roberto Corvini, onde você pode admirar os tesouros do mosteiro. Entre as obras de arte expostas, está um relicário escocês-irlandês datado do século VI-VII, que contém relíquias que parecem pertencer a San Colombano, o exemplar da Bíblia de Amiatina e o relicário de San Marco Papa, com mais de 60 cm de altura e remonta ao final do século XIV.

Já na parte oeste da vila é onde está localizado um museu mineiro, onde você poderá, entre outras coisas, conhecer um pouco da rotina dos mineiros que trabalhavam na região.

Abadia San Salvatore -Toscana
Abadia San Salvatore -Toscana. Foto: Stockphoto52 de Getty Images / Canva

Castiglione d’Orcia

Castiglione d’Orcia é um dos lugares mais incríveis que você certamente visitará em sua vida. Isso graças a sua bela vista para o Val d’Orcia, um dos principais cartões postais da Toscana e Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2004.

Além disso, é nesse município onde estão localizadas as inigualáveis águas termais de Bagni San Filippo, muito apreciadas pelos romanos.

Piancastagnaio, uma vila repleta de lendas e mistérios

Piancastagnaio, município de Amiata na província de Siena, está localizado no extremo sul da Toscana, na fronteira com o Lácio e a província de Viterbo. Nela você encontra o castelo Aldobrandeschi, um lavadouro público que remonta ao século XIX, e o Prato das Bruxas, monumento que guarda uma história interessante.

A lenda conta que numa casa em Piancastagnaio, agora restaurada e ainda visível, vivia um homem chamado Ferro que tinha três filhas. As meninas foram raptadas pelas bruxas de Piancastagnaio que a levaram para o Prato das bruxas, um pequeno monumento em forma de prato, onde as feiticeiras comiam crianças.

Após fazerem todo tipo de danças e ritos pagãos, as bruxas acabaram brigando sobre quem tinha o direito de comer as meninas. A contenda permitiu que o pai das crianças conseguisse salvá-las a tempo, antes que fossem devoradas vivas.

Além disso, outro lugar incrível da cidade é o Convento de São Bartolomeu, onde entre outras coisas, você poderá ver cruzes templárias estampadas nas paredes. Acredita-se que os cavaleiros do templo habitavam o albergue anexado ao convento, onde eles hospedavam e protegiam os peregrinos cristãos a caminho de Roma.

Quando ir a Monte Amiata

O Monte Amiata é uma região que pode ser visitada em qualquer época do ano, inclusive no inverno, quando suas montanhas ficam cobertas de neve e atraem os turistas graças ao esqui e outras atividades típicas da estação.

Contudo, é no verão que você irá se encantar com a beleza das colinas verdes e o charme das vilas. Por isso, uma das melhores épocas para visitar o Monte Amiata é entre os meses de junho e setembro, período em que as temperaturas são mais amenas.

Contudo, os meses de julho e agosto, além de serem os mais quentes do ano, também são os mais caros. Já em junho e setembro têm temperaturas um pouco mais amenas e preços mais em conta.

O que comer em Monte Amiata

Toscana. Foto: Canva

Monte Amiata fica localizado na Toscana, uma das regiões com a melhor gastronomia do mundo e com vinícolas simplesmente incomparáveis. Por isso, boa comida é o que não falta na região. Entre as iguarias de Monte Amiata estão:

Vinhos

Não tem como pensar em Toscana e não lembrar dos saborosos e inigualáveis vinhos da região, não é mesmo? Aliás, você sabia que segundo uma lenda local, Giuseppe Bonaparte, irmão de Napoleão, provou o vinho Amiata enquanto esteve hospedado na casa dos Carli, família nobre de Abbadia San Salvatore?

Assim que provou o vinho Amiantino Giuseppe se apaixonou pelo aroma e pelo gosto único da bebida, que na época era fermentada em enormes tanques de pedra vulcânica. Apesar de nunca ter retornado à cidade, o irmão do imperador francês continuou comprando vinho e jamais esqueceu a bebida.

Os vinhos produzidos ao redor do Monte Amiata são tão saborosos quanto aqueles fabricados em Montepulciano. Isso porque ambas as bebidas têm como origem a uva Sangiovese originária do território italiano e única no mundo.

Entre eles, destacamos:

  • Montecucco: produzido nas áreas de Cinigiano, Civitella Paganico, Castel del Piano, Campagnatico, Arcidosso, Seggiano e Roccalbegna. Os tipos de Montecucco fabricados são: Bianco, Rosso, Riserva, Rosso Riserva, Sangionese, Sangionese Rivera e Montecucco Vermentino;
  • Bianco di Pitigliano: Fabricado em Pitigliano, ele é obtido com as uvas Trebbiano Toscano, uvas brancas Toscana Malvasia e/ou Greco e/ou Verdello e das uvas Grechetto, Chardonnay, Sauvignon, Pinot bianco, Riesling italico e de outras variedades de uvas brancas locais;
  • Morellino di Scansano: Produzido naprovíncia de Grosseto entre os rios Ombrone e Albegna, localizada nos municípios de Scansano, Manciano, Magliano na Toscana, Grosseto, Campagnatico, Semproniano e Roccalbegna;
  • Sovana: A área de produção abrange o território dos municípios de Pitigliano, Sorano e parte do município de Manciano. Os tipos de Sovana produzidos são: Rosso, Rosso Riserva, Rosso Superiore e Rosato.

Se destaca a vinícola Cantine Perazzetta que produz um vinho inigualável na região. Além de descobrir como é produzido a bebida de Bacco você também irá degustar um dos melhores vinhos da Itália.

Cerveja artesanal

Quando pensamos na Toscana, certamente a primeira bebida que nos vem à mente é o vinho. Mas você sabia que o Monte Amiata também é conhecido por produzir uma deliciosa cerveja artesanal?

Uma das maiores cervejarias da região é a Birra Amiata, conhecida por sua excelente cerveja artesanal e usar os mesmos métodos de produção dos cervejeiros há 200 anos.

Além disso, eles também incluem na produção da cerveja produtos típicos da região como o mel Marruca, o açafrão puro de Maremma e  a deliciosa castanha local, conferindo um gosto e um aroma único à bebida.

Azeite de oliva

O azeite de oliva é outra iguaria da região de Amianta cujo clima favoreceu o crescimento de oliveiras com azeitonas únicas no mundo, tanto em sabor quanto em aroma.

O destaque da região é a fazenda Podere Borselli, localizada em Montecucco, no vale Conca d’oro. O local conta com cerca de 6.000 oliveiras, sendo algumas milenares.

Além de ter uma natureza exuberante e de tirar o fôlego, lá você também irá ter a oportunidade de provar um azeite divino.

Queijo

Em Stribugliano é produzido um dos principais e mais deliciosos queijos da Itália; o queijo Pecorino, ou queijo de ovelha, muito famoso na região e com um sabor inigualável.

Na cidade você encontra algumas queijarias renomadas, onde além de aprender sobre o processo de produção, você também poderá provar dessa deliciosa iguaria.

 

Como visitar Monte Amiata

Existem várias formas de você visitar a região. Partindo de Florença você pode percorrer o Monte Amiata de carro ou então de transporte público. Contudo, a maneira mais segura e confortável de conhecer a Toscana é contratando um tour com uma agência de confiança  que conheça o melhor da região.

Aqui na Cenci Turismo, o Monte Amiata faz parte do nosso incrível roteiro Toscana Maravilhosa, uma viagem inesquecível de 15 dias por uma das regiões mais bonitas da Itália e do mundo.

Além de passar por lugares como, Santa Fiora, Abadia San Salvatore e muitos outros, você também terá uma experiência enogastronômica única, recheada de sabores e aromas inolvidáveis.

Confira nossos serviços e curta o melhor da Itália!


Foto de capa: Monte Amiata – Castiglione d’Orcia | Mammuth de Getty Images / Canva

Artigos Relacionados

Sumário